quinta-feira, 8 de setembro de 2011

  ARTES PLÁSTICAS

Foi através da pintura que as idéias do surrealismo foram melhor expressadas. Através da tela e das tintas, os  artistas plásticos colocam suas emoções, seu inconsciente e representavam o mundo concreto.

O movimento artístico dividiu-se em duas correntes. A primeira, representada principalmente por Salvador Dalí, trabalha com a distorção e justaposição de imagens conhecidas. Sua obra mais conhecida neste estilo é A Persistência da Memória. Nesta obra,  aparecem relógios desenhados de tal forma que parecem estar derretendo.
Os artistas da segunda corrente libertam a mente e dão vazão ao inconsciente, sem nenhum controle da razão. Joan Miró e Max Ernst representam muito bem esta corrente. As telas saem com formas curvas, linhas fluidas e com muitas cores. O Carnaval de Arlequim e A Cantora Melancólica, são duas pinturas de Miró que representam muito bem esta vertente do surrealismo.

LITERATURA

Os escritores do surrealismo rejeitaram o romance e a poesia em estilos tradicionais e que representavam os valores sociais da burguesia. As poesias e textos deste movimento são marcados pela livre associação de idéias, frases montadas com palavras recortadas de revistas e jornais e muitas imagens e odeias do inconsciente. O poeta Paul Eduard, autor de Capital da Dor e André Breton, autor de O Amor Louco, Nadja e Os Vasos Comunicantes, são representantes da literatura surrealista.

CINEMA
 Os cineastas também quebraram com o tradicionalismo cinematográfico. Demonstram uma despreocupação total com o enredo e com a história do filme. Os ideais da burguesia são combatidos e os desejos não racionais afloram. Dois filmes representativos deste gênero do cinema são Um Cão Andaluz (1928) e L'Âge D'Or (1930) de Luiz Bruñuel em parceria com Salvador Dalí.


O SURREALISMO NO BRASIL  

As idéias do surrealismo foram absorvidas na década de 1920 e 1930 pelo movimento modernista no Brasil. Podemos observar características surrealistas nas pinturas Nu e Abaporu de Ismael Nery e da artista Tarsila do Amaral,  respectivamente.
A obra Eu Vi o Mundo, Ele Começava no Recife, do artista pernambucano Cícero Dias, apresenta muitas características do surrealismo. As esculturas de Maria Martins também caminham nesta direção.

Quadros de Max Ernst


Quadros de Max Ernst
Europe after the rain II -  1940-42
ernst  europe after the rain ll 1940-42
The couple  in lace – 1925
ernst the couple or the couple in lace 1925
A friends reunios – 1922
ernst a friends reunios 1922
Aquas submersus – 1919
ernst  aquas submersus 1919
Birds fish-snake and scarecrow – 1921
ernst birds fish-snake and scarecrow 1921
Castor and pollution – 1923

ernst castor and pollution 1923
Célèbes or elephant célèbes - 1921
ernst celebes or elephant celebes
Feast of the god – 1948
ernst feast of the god 1948
Human form – 1931
ernst  human form 1931
L’ange du foyer or Le Triomhe du surrealism – 1937
ernst l'ange du foyer ou le triomhe du surrealism  1937
The angel of hearth and home – 1937
ernst the angel of hearth and home 1937
The equivocal woman or Teering woman – 1923
ernst the equivocal woman (teetering woman) 1923
Seascape – 1921
ernst  seascape 1921
The robing of the bride – 1940
ernst the robing of the bride 1940
Of this men shall know nothing – 1923
ernst of this men shall know nothing 1923
Fruit of a long experience - 1919

Morre o poeta surrealista Roberto Piva


FOLHA SP

O poeta e escritor Roberto Piva, 72, morreu ontem, em São Paulo, depois de passar um período de dois meses internado no Incor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas. Os médicos constataram a falência múltipla dos órgãos, causada por uma infecção geral.
Piva havia sido hospitalizado com uma infecção na próstata. Exames indicaram que se tratava de um câncer.
Roberto_Piva
O estado do escritor paulistano piorou depois que a doença se espalhou pelos ossos. Debilitado, o paciente, que há dez anos lutava contra o mal de Parkinson, pegou uma infecção geral.
Em janeiro, uma infecção urinária e cardíaca já o havia levado à internação no Hospital das Clínicas. O problema no coração exigiu uma cirurgia em março, da qual o poeta se recuperou em casa.
De acordo com Gustavo Ribeiro Benini, 32, que acompanhou o escritor no hospital, Piva perdeu a consciência há 15 dias.
“O quadro se agravou por uma somatória de coisas. O gavião de penacho bateu as asas”, afirmou o colega em referência à obra do autor.
A pedido de Piva, o corpo dele será cremado. A cerimônia será no crematório da Vila Alpina, às 11h de hoje, e deve contar com a presença de outros poetas brasileiros. Ele era solteiro e estava afastado dos parentes.
Um dos poetas mais celebrados das últimas décadas, Roberto Piva marcou o panorama literário brasileiro.
O poeta compôs uma obra que aliava aos movimentos de contestação da década de 1960 uma dose de surrealismo pouco comum na tradição poética brasileira.
O livro mais conhecido de Piva, “Paranóia”, foi publicado em 1963 e causou espanto na ocasião.
A obra chamou a atenção tanto por conta dos versos bem trabalhados, que compunham uma poética urbana e, ao mesmo tempo, intimista, como pelas fotos tiradas por Wesley Duke Lee.
Piva fez parte da geração de autores como Hilda Hilst e Claudio Willer; seu primeiro editor foi o recém-falecido Massao Ono.
Há cinco anos, a editora Globo deu início à publicação de sua obra, composta por três volumes -todos disponíveis no mercado.

O Surrealismo Brilhante de Max Ernst


max_ernst
Em 1912, Ernst apresentou sua primeira mostra de arte chamadaSounderbund, na galeria Feldman, colônia, sua cidade natal. Apesar de ter lutado na Primeira Guerra Mundial, nunca deixou de pintar. Ernst junto com Hans Arp, fundou em 1919 o grupo Dada (dadaísmo) que tinha a proposta de destruir todos os valores estéticos vigente da época, uma reação contra uma sociedade moralmente destruída pela guerra.
1921, Ernst realizou sua primeira exposição em Paris na Galerie au Sans Pareil. Em 1922 mudou-se para Paris e juntou-se ao grupo surrealista ao lado de artistas como, Gala, Paul Éluard, André Breton e Tristan Tzara. Max Ernst foi um artista bem versátil, publicou livros de poesia ilustrados e, em 1929, fez a colagem “A Mulher de 100 Cabeças” (La Femme 100 Têtes) , um ícone do surrealismo. Em 1930 interpretou um papel no filme “A Idade do Ouro”.
A Mulher de 100 Cabeças
a mulher de 100 cabecas  max ernst
Ernst realizou sua primeira mostra nos EUA em 1932 na Julien Levy Gallery, Nova York. Foi casado com a milionária Peggy Guggenheim (1942) e com a pintora surrealista Dorothea Tanning (1946).
Em 1954 Max Ernst já era um dos grandes nomes do surrealismo. Recebeu o Grande Prêmio de Pintura na Bienal de Veneza e em 1975 o Museu Solomon R. Guggenheim  realizou uma grande retrospectiva das obras de Ernst.

Max Ernst morreu na França no dia 1 de abril de 1976, país onde  naturalizou-se em 1958.
André Breton, o mentor intelectual do surrealismo, dizia que Max Ernst era o mais ‘magnífico cérebro assombrado’ do mundo das artes. As obras surrealistas de Max Ernst, com suas cores brilhantes, até hoje chocam o público por associar símbolos demoníacos e eróticos.


Surrealismo e Literatura




Italo Calvino sempre foi um dos meus escritores predilectos pelo seu potencial criativo. Há muito em comum entre José Gomes Ferreira e Italo Calvino: uma escrita criativa e um clima surrealista que os tolhe, o papel “antifascista” dos dois contra, respectivamente, Benito Mussolini e António de Oliveira Salazar, um mesmo ideário comunista, a que Italo Calvino renuncia em 1957, e um ano comum de cerramento das pálpebras (1985).

Quando comecei a ler “As Aventuras de João Sem Medo” de José Gomes Ferreira, escritas em 1933 e terminadas em 1963, logo me apercebi do paralelismo estético existente entre estes dois magistrais escritores latinos. Ambas as obras literárias, de prosa, são um hino à imaginação, tal como a nona Sinfonia de Ludwig van Beethoven é um hino à alegria e à generosidade da Humanidade. Neste ambiente de crise Ética e Económica, em que vivemos, as visões generosas destes dois escritores são exultantes. Sem esquecer, todavia, o legado intervencionista que os seus exemplos de vida nos legaram.

É, certo, que existem diferenças nas suas carreiras, pois o escritor português seguiu mais a veia poética e o escritor italiano mais a via ensaística, embora ambas paralelas às narrativas de contos e de romances. Quero-vos apresentar dois magníficos documentários feitos sobre as obras destes dois escritores.

Italo Calvino escreveu uma trilogia literária fantástica intitulada respectivamente “O Barão Trepador”(1957), “O visconde cortado ao meio”(1952) e “O Cavaleiro Inexistente”(1959). A imaginação e o sentido alegórico que subjaz às suas obras e, em particular, no livro do visconde que está preso por duas consciências antagónicas dão-nos um universo que entra no carácter simbólico do onírico. Esta é, com efeito, a ponte que liga as duas margens do universo temático surrealista da literatura portuguesa e italiana. Igualmente, o esteio criativo deste género de literatura é a defesa da escrita intuitiva que torne emergente o inconsciente dos escritores numa proposta estética que se alavanca no ideário da Psicanálise.

Contudo, afigura-se-me que José Gomes Ferreira quis refundar um universo mitológico que partindo das histórias populares, para crianças, as superasse pelo tom poético imprimido às coisas banais, enquanto  Italo Calvino pretendendo respeitar o património imaterial dos contos de fadas quis criar histórias imaginativas com forte sentido alegórico. Neste sentido, a escrita de José Gomes Ferreira emerge de forma mais clara como uma sátira política, às ditaduras (militar, salazarista ou caetanista), ou social, à mentalidade pessimista dos portugueses.

Em suma, nos arremedos narrativos surrealistas destes dois escritores espreita a alegria das cores fantasistas e das mensagens simbólicas que devem unir os criadores literários aos seus leitores. Vale, pois, bem a pena uma incursão por este património imaterial da Cultura Latina.


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