quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Morre o poeta surrealista Roberto Piva


FOLHA SP

O poeta e escritor Roberto Piva, 72, morreu ontem, em São Paulo, depois de passar um período de dois meses internado no Incor (Instituto do Coração), do Hospital das Clínicas. Os médicos constataram a falência múltipla dos órgãos, causada por uma infecção geral.
Piva havia sido hospitalizado com uma infecção na próstata. Exames indicaram que se tratava de um câncer.
Roberto_Piva
O estado do escritor paulistano piorou depois que a doença se espalhou pelos ossos. Debilitado, o paciente, que há dez anos lutava contra o mal de Parkinson, pegou uma infecção geral.
Em janeiro, uma infecção urinária e cardíaca já o havia levado à internação no Hospital das Clínicas. O problema no coração exigiu uma cirurgia em março, da qual o poeta se recuperou em casa.
De acordo com Gustavo Ribeiro Benini, 32, que acompanhou o escritor no hospital, Piva perdeu a consciência há 15 dias.
“O quadro se agravou por uma somatória de coisas. O gavião de penacho bateu as asas”, afirmou o colega em referência à obra do autor.
A pedido de Piva, o corpo dele será cremado. A cerimônia será no crematório da Vila Alpina, às 11h de hoje, e deve contar com a presença de outros poetas brasileiros. Ele era solteiro e estava afastado dos parentes.
Um dos poetas mais celebrados das últimas décadas, Roberto Piva marcou o panorama literário brasileiro.
O poeta compôs uma obra que aliava aos movimentos de contestação da década de 1960 uma dose de surrealismo pouco comum na tradição poética brasileira.
O livro mais conhecido de Piva, “Paranóia”, foi publicado em 1963 e causou espanto na ocasião.
A obra chamou a atenção tanto por conta dos versos bem trabalhados, que compunham uma poética urbana e, ao mesmo tempo, intimista, como pelas fotos tiradas por Wesley Duke Lee.
Piva fez parte da geração de autores como Hilda Hilst e Claudio Willer; seu primeiro editor foi o recém-falecido Massao Ono.
Há cinco anos, a editora Globo deu início à publicação de sua obra, composta por três volumes -todos disponíveis no mercado.

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